- O Vitória, pela dimensão e grau de exigência, é o grande desafio da sua carreira de treinador até ao momento?
- Era isto que eu queria. Antes de vir para o Vitória diziam-me: ‘Vais para um cemitério de treinadores.’ Eu respondia: ‘Mas eles estão todos vivos. O que é isso de cemitério de treinadores?’ O Vitória quis-me muito e eu queria muito o Vitória.
- O Quaresma e o Sílvio deixaram mensagens de despedida nas redes sociais em que disseram estar bem e que só não jogaram mais por opção do treinador. Que opção foi essa?
- Opção do treinador. Se um jogador não jogar e ficar satisfeito então alguma coisa está mal. Podemos discordar da forma como o expressa, mas vejo-o com muita naturalidade e prefiro guardar aquilo que eles são como profissionais. Só tenho a dizer bem de todos. Mas atenção: quem manda no clube é o presidente e na equipa é o treinador. Serei sempre injusto para muitos jogadores porque tenho de tomar decisões.
- Mas nunca existiram quaisquer problemas pessoais com esses jogadores em concreto?
- Nada. Como já disse tenho de agradecer a atitude que tiveram.
- O Quaresma também disse que alguns deveriam sair tal como ele estava a fazer. Que queria ele dizer com isso?
- Não sei o que significa esse comentário. Aquilo que exijo é trabalhar em equipa, em sintonia. Agora em termos de opção quem manda é o treinador e nunca permiti que se intrometessem no meu trabalho.
- Nalgum momento da temporada pensou interromper o seu contrato?
- Nunca, nunca! Mas houve um momento, admito, em que refleti e pensei muito juntamente com a minha equipa técnica. Tivemos mesmo de ir ao fundo do poço. Foi depois do jogo com o Arouca, em que perdemos por 1-3. Tínhamos vencido o SC Braga em casa, o eterno rival. É um jogo igual aos outros apenas nos pontos. No resto não tem nada a ver e nós conseguimos com menos um fazer o golo no último minuto. Foi uma coisa surreal, com um ambiente fantástico no estádio, das melhores coisas que vivi. Depois vamos jogar com o Belenenses SAD e não nos aguentamos nas pernas e em casa perdemos com o Arouca. E foi a forma como perdemos que me deixou completamente cego.
